terça-feira, 23 de setembro de 2008

Fim de um ciclo

Estava pensando em que escrever hoje. Mas, hoje não tenho assunto. Hoje não tenho poesia, hoje não tenho história (ou estória) pra contar. Hoje é o dia da prova de fogo de se eu devo ser jornalista. Sabe por quê? é a hora de "provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém". É, você sempre vai me ver citando músicas, porque eu canto desafinadamente. Explico-me: hoje é o dia em que, depois de sete meses de pesquisa exaustiva - e foi mesmo, com direito a gripes mil - vamos "fechar" o tema acessibilidade. E, por minha vontade, trancá-lo a sete chaves e nunca mais deixar que ele veja a lua do dia. Porque em jornalismo, é estranho que você defenda uma causa que é sua. É estranho que você brigue com a universidade que não te dá suporte. E daí você é tachado de "parcial". Mas eu volto, lá atrás, e me pergunto: "Se eu não falar disso quem vai falar?". Porque, eu sei como é, quando a gente não tem o problema, a gente não liga. Antes de vir pra Campo Grande, eu não usava muito a cadeira de rodas. Mas, a partir do momento em que você começa a passar por determinada situação - eu e a cadeira de rodas, por exemplo - você começa a ver como algumas coisas não são "para todos" de jeito nenhum. E daí, quando você se dá conta, você está ouvindo o professor dizer: "O que te preocupa"? E você se ouve dizer: "A acessibilidade na universidade e na cidade me preocupa. A falta de esclarecimento das pessoas me preocupa. Daí, a gente tem de se distanciar. E eu tentei. Se não consegui, pelo menos tentei. Procuramos leis e tudo que estava documentado sobre o assunto. Procuramos outras pessoas pra falar sobre o assunto. Pra que não ficasse só no "quintal de casa". Pra que outras pessoas não ouvissem, como eu ouvi - mas isso não vem ao caso, n pessoas ouviram também - "Aline, como você entrou na UFMS? Tem cota de deficiente?" (A UFMS não tem nenhuma espécie de cota, seja para índios, negros, pessoas de baixa renda ou deficientes, o que tem que ter vaga para deficiente é concurso público, 5%). Ou, "você não pode doar sangue, seu cérebro pode oxigenar e você ter uma parada cardíaca", de uma enfermeira que me viu de muletas.
Não quero que ninguém passe por isso, assim como não quero que nenhum time de grande torcida seja rebaixado, porque eu sei a dor que é... Mas isso é outra história.

Um comentário:

Flávio Brito disse...

E que fale quem tenha conhecimento!!! E que seja esse conecimento de causa!! nada é mais didático que as experiências vividas!!! Que ouçam com atenção os ensinamentos de quem ja viveu!!!
Pois qdo chegar a sua vez esse ensinamento lhe será precioso!!
A falta dele trará dura pena tanto ao discípulo quanto ao mestre!!